quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Fica assim

Nos dias agora cabem meses. Um segundo, dói tanto, dói o tamanho de uma eternidade, não passa nunca. Quando chega ao almoço, eu começo minha contagem regressiva pra chegar logo à hora de dormir. Mais não passa nunca. Espero como alguém no carnaval esperando a chegada do natal. E eu acho até, que a distância entre o carnaval e o natal é menor do que a distância do meu almoço e da minha hora de dormir. Tenho a sensação de que já se passaram uns três anos lá fora, desde o meu ultimo almoço, que não faz mais que meia hora. Insanamente eu espero o telefone tocar... Espero, espero, e começo minha briga comigo mesma, dizendo que não tem disso não, essa porra não vai tocar e se tocar não tenho nada que atender. To bem, muito obrigada. Até porque o noticiário da TV ta muito mais interessante. A taça de vinho sozinha. A bandeja cheia de chocolate. E não se preocupe, eu tô comendo bem. Alias, nunca comi tanto. Sei lá, acho que é pra preencher o vazio. Mais nunca enche. Tenho uma sensação constante de buraco dentro do estomago... do peito... da alma. E só cresce. Cresce quando você some. E quase desaparece quando você liga e eu distraída atendo. Distraída mudou de significado no meu dicionário. Quer dizer quando a gente tinha uma coisa e agora não tem mais, mais esquece, e fica querendo ter ainda. Então quando você liga, eu atendo mesmo, distraída, como quem não lembra que eu não tenho mais a obrigação de atender, nem dizer o que estou fazendo, nem perguntar se você ta em casa, se ta estudando, se ta com problemas, se chegou cansado, se quer conversar a toa, falar bobagens, falar dos outros, contar alguma historia. Eu atendo. E aí lembro de repente e penso. Puts! Agora não tem graça mais. Por que agora nossa conversa é triste; eu tenho mesmo muita vontade de te contar o que aconteceu no meu dia, e saber o que você esta fazendo, mais controlo e faço uma puta duma força pra só perguntar o que você quer, e dizer que tenho logo que desligar. As sextas perderam a graça, os sábados perderam a graça, os domingos perderam a graça; segunda, terça, quarta e quinta são um martírio. Tenho uma garrafa de vodka no armário, três festas pra ir, 15 chamadas no telefone, uma amiga gritando no portão, mais cinco na internet. E a minha vontade é de ficar aqui. Tentando te encontrar nesse vazio, nessa ausência que vai me matar.